Kafka à beira-mar (em tradução inglesa Kafka on the Shore), centra-se em duas personagens - Kafka Tamura, um jovem de quinze anos que foge de casa para tentar evitar que uma profecia lançada pelo pai se concretize, e Nakata, um homem de idade cuja infância foi afectada por um acontecimento misterioso. Os seus caminhos cruzam-se e parecem seguir numa mesma direcção por motivos inicialmente obscuros.
Povoado por mitos e crenças japonesas, o romance dá-nos a conhecer aspectos culturais como gastronomia, música e ditados populares.
Mais do que o relato de aventuras ou de uma história de demanda, o livro é o constante questionar da realidade. O fantástico aparece disfarçado de acontecimento banal e os enigmas que se vão construindo não parecem ter sido feitos para ser desvendados. Pelo contrário, originam novos enigmas numa sucessão de eventos por vezes bizarros. Os gatos conversam, do céu chove peixe, há uma floresta onde vivem soldados da Segunda Guerra Mundial e há um assassinato brutal onde vítima e assassino permanecem anónimos.
O espaço e o tempo parecem adquirir novo significado, mais abrangente do que o usual. Temos dois universos paralelos que se entrelaçam e que juntos ajudam o protagonista a descobrir o mundo e a descobrir-se a si. Não há um passado ou um futuro, há um presente que abarca tudo, um saltitar na ordem natural das coisas.
Um romance hipnotizante e viciante com uma escrita delicada e poética, por vezes intrincada e ambígua que deixa o leitor na dúvida, a questionar e a ansiar por mais.